Acontecem muitas coisas ao mesmo tempo e o melhor mesmo é olhar para o alto. Permanecer longe por um bocadinho. Ser ousada e querer ver pela Tua perspectiva. Toda a perspectiva tem um ponto de fuga. Onde está o Teu olhar? Como sei qual é a Tua perspectiva? Percorro a Tua palavra. O meu tempo, meu Deus, não é o Teu. A Tua palavra ensina-me a esperar. A verdade é que me dás tudo o que preciso e as decisões de o aceitar são sempre minhas. És um pai amoroso. Quando as minhas decisões não foram as mais sábias, continuaste ao meu lado. Gosto tanto, tanto, tanto de Ti!

Conhecer como se é conhecido

No momento em que Te veremos face a face saberemos então como Tu nos vês. Diz-me, é o coração o espelho de quem sou e a consciência o lugar onde nos encontramos a sós?

Há momentos em que amo tanto - amar só por amar sem objecto nem objectivo, como se o Teu amor me inundasse e tocasse onde tocam os meus olhos. Tudo é tão Teu, e eu sou apenas um bocadinho de pó de aguarela que se dissolve e dá cor para que o mundo Te veja.

Há outros momentos, em que Te procuro. Não Te vejo, nem sinto o coração a bater emocionado. Como se Tu não viesses ao meu encontro. Como se estivesses noutro sítio qualquer com outras cores. Fico ainda mais visível para o mundo, mas com os pés agarrados ao chão, sem graça e com o pensamento atafulhado de pontos de interrogação.

(Agora mesmo olhei para o lado e vi a camisola com a Tua imagem impressa... Divina Misericórdia... Jesus, eu confio em Vós!)

Segura-me o coração com a Tua mão divina. Segura-o. Nos momentos do teu silêncio que eu saiba por onde ir, mesmo sem Te ver, sem Te escutar.

Nas Tuas mãos entrego
Aquilo que não posso fazer
Nas Tuas mãos eu deixo o meu ser

Nas Tuas mãos entrego
Toda a minha tristeza
Nas Tuas mãos a delicadeza

E dou-Te Glória
Glória a Ti...
E acredito que vou conseguir
Em Ti
Junto as minhas mãos
E elevo ao Céu
A minha oração
Para pedir-Te
Tem compaixão de mim
E abraça-me assim tal como sou

Nas Tuas mãos entrego
Aquilo que não posso fazer,
Nas Tuas mãos eu deixo o meu ser

Nas Tuas mãos entrego
Todo o meu cansaço,
Nas Tuas mãos tudo o que faço

Pensamentos que não queria ter - memórias, sim - ocorrem-me e ensurdecem-me. Penso em Ti. Quero confiar um bocadinho mais e até acho que oiço a Tua voz a dizer: "deixa estar, não te inquietes, vai correr tudo bem". Serás mesmo Tu ou será a minha vontade de Te ouvir? Entrego-me ao Teu desenho porque o meu esboço nunca passou de um bocado de papel de embrulho com linhas gordas e cores muito vivas. Demasiado vivas. Cores de superficialidade. Só não rasgo mais imagens e papéis velhos porque também lá estás desenhado, entre os meus riscos tortos e desajustados.

Confio em Ti. Guardarei a arca que me confiaste aberta e depois fechaste até que eu tenha aprendido o suficiente para poder entender o seu conteúdo, talvez a pomba e o ramo de oliveira.

Escrevo novamente para Ti.É em Ti, e só em Ti, que sou algo mais que uma formiga. Trazes-me palavras de conforto, aquietas-me o coração. A casa, que nunca está vazia, tem o silêncio onde habitas. Na rua passas por mim e acenas-me. Obrigada pelo sorriso do vendedor de fruta ou pelos pássaros do parque que me fazem companhia durante o almoço. Reparaste como foi amoroso aquele senhor que me deu uma moeda para desencravar a máquina das bolachas? Enches-me de mimos!